sexta-feira, 31 de outubro de 2014

32 anos

Fiz 32 anos no passado dia 26. Um domingo. Almoçámos fora. O joazito no final do dia, já em casa, caiu e partiu o dente da frente. Ficou com cara de reguila agora. Pelo menos quando se ri. Não queria deixar passar este dia em branco aqui no blog. Apesar de ser já tarde quero deixar um poema. Ultimamente tenho descoberto coisas sobre mim, muito concretas, coisas que sempre soube mas aparecem-me tão perfeitas e tão recortadas. Coisas que gosto e me fazem feliz. A poesia é uma delas. Por isso um poema. Para os meus 32. De Sophia de Mello Breyner Andresen.

Poesia

Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu - eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,

Mas por tudo quanto ressoei

E em cujo amor de amor me eternizei.





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