domingo, 5 de maio de 2013

Dia da mãe

Confesso que ando apaixonada pelo DIY (do it yourself) e por isso neste dia tinha de fazer algo doce para as mamãs (minha e do C.). Fiz uns queques de cenoura, mas queria colocar um recheio de chocolate e não tinha chocolate, por isso improvisei e coloquei as pepitas de chocolate em cima. Também adoro fazer os embrulhos. Tinha pensado uma coisa e acabei por fazer totalmente diferente! E acho que me saí bem. Um poema escrito à mão  e as flores que apliquei com linha. Adoro estes pormenores pensados com carinho. Não ficou perfeito. Mas foi feito por mim. 




Adoro este Poema de Eugénio de Andrade.

Poema à MãeNo mais fundo de ti, 
eu sei que traí, mãe 

Tudo porque já não sou 
o retrato adormecido 
no fundo dos teus olhos. 

Tudo porque tu ignoras 
que há leitos onde o frio não se demora 
e noites rumorosas de águas matinais. 

Por isso, às vezes, as palavras que te digo 
são duras, mãe, 
e o nosso amor é infeliz. 

Tudo porque perdi as rosas brancas 
que apertava junto ao coração 
no retrato da moldura. 

Se soubesses como ainda amo as rosas, 
talvez não enchesses as horas de pesadelos. 

Mas tu esqueceste muita coisa; 
esqueceste que as minhas pernas cresceram, 
que todo o meu corpo cresceu, 
e até o meu coração 
ficou enorme, mãe! 

Olha — queres ouvir-me? — 
às vezes ainda sou o menino 
que adormeceu nos teus olhos; 

ainda aperto contra o coração 
rosas tão brancas 
como as que tens na moldura; 

ainda oiço a tua voz: 
          Era uma vez uma princesa 
          no meio de um laranjal...
 

Mas — tu sabes — a noite é enorme, 
e todo o meu corpo cresceu. 
Eu saí da moldura, 
dei às aves os meus olhos a beber, 

Não me esqueci de nada, mãe. 
Guardo a tua voz dentro de mim. 
E deixo-te as rosas. 

Boa noite. Eu vou com as aves. 

Eugénio de Andrade 

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