terça-feira, 11 de novembro de 2014

aquela paz

Consigo sentir uma felicidade única e tranquilidade na alma. Esta felicidade sem motivo aparente visita-me de vez em quando. Não vem de qualquer acontecimento que possa fazer aparecer esta felicidade. Vem por si só. Já senti isto uma outra vez. E recordo-me quando. Mas pergunto-me porque só me visita algumas alturas da vida. E é por estas alturas, quando este sentimento me visita que sou a melhor pessoa de mim. A minha mente está simplesmente tão leve que encanta. Aceito as imperfeições. Aceito a forma de ser dos outros e as histórias que insistem em entrar na minha história. Aceito, porque não somos seres fechados em nós. Aceito porque cada qual constrói o seu mundo achando que cada mundo que constrói é tão seu. Mas acaba sempre por pertencer a outros mundos. Aceito por isso mesmo. Porque a minha felicidade vem de dentro. Não pode haver mais genuína. Podem cruzar-se mundos com o meu. Porque todos me fazem ser maior do que sou. Porque eu tiro deles o bom para mim. Porque a minha história sou eu que faço, com os sentimentos que escolho ter. Hoje escolhi aceitar. E por isso hoje continuo a ser a mesma pessoa, mas há algo que vem do coração e transborda. Aquela paz. E essa paz, eu sei, ela não consegue ter.


"Belo belo belo
Tenho tudo quanto quero.
 (...)
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples."

Manuel Bandeira, in: Belo belo

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